31/10/08

CHANSON D'AUTOMNE - Paul Verlaine

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.
Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure.
Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

"De la musique avant toute chose" — a música antes de qualquer coisa. Com este verso definitivo, o francês Paul Verlaine (1844-1896), abre o poema "Art Poétique", de 1885, considerado um verdadeiro manifesto da poesia simbolista. De facto, Verlaine colocou a música acima de tudo. Ele queria um verso fluido, ritmado, solúvel no ar. Exemplo disso é essa pequena jóia, a "Chanson d'Automne", publicada em seu livro Poèmes Saturniens (Poemas Saturninos), de 1866. Deliciem-se..

21/10/08

Crescimento e desigualdades: Portugal está entre os países mais injustos da OCDE


Lisboa, 21 Out (Lusa)

Portugal é um dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) com maiores desigualdades na distribuição dos rendimentos dos cidadãos, ao lado dos Estados Unidos e apenas atrás da Turquia e México.
No seu relatório "Crescimento e Desigualdades", hoje divulgado, a OCDE afirma que o fosso entre ricos e pobres aumentou em todos os países membros nos últimos 20 anos, à excepção da Espanha, França e Irlanda, e traduziram-se num aumento da pobreza infantil.
Os autores do estudo colocam a Dinamarca e a Suécia à frente dos países mais justos, com um coeficiente de 0,32, e o México no topo da tabela dos mais injustos (0,47), seguido da Turquia (0,42) e de Portugal e dos Estados Unidos (ambos com 0,23).
"Em três quartos dos 30 países da OCDE, as desigualdades de rendimentos e o número de pobres aumentaram durante as duas últimas décadas" - lê-se no relatório.
Todavia, alguns países registaram melhores resultados do que outros: desde 2000, por exemplo, o fosso entre ricos e pobres aumentou sensivelmente no Canadá, Alemanha, Noruega, Estados Unidos, Itália e Finlândia, mas diminuiu no México, Grécia, Austrália e Reino Unido.
Nos países onde as diferenças sociais são mais importantes, o risco de pobreza é maior e a mobilidade social mais baixa, segundo a organização.
"As famílias ricas melhoraram muito a situação" em relação às mais pobres e, por outro lado, "o risco de pobreza deslocou-se das pessoas idosas para as crianças e os jovens adultos".
A OCDE define como situação de pobreza quando os rendimentos são inferiores a 50 por cento da média de cada país.
A pobreza das crianças, que aumentou nos últimos 20 anos, "situa-se hoje acima da média geral" e "deveria chamar a atenção dos poderes públicos", sublinha a OCDE.
"A Alemanha, a República Checa, o Canadá e a Nova Zelândia são os países onde a pobreza das crianças mais aumentou", segundo um dos principais autores do estudo, Michael Foerster.
Em contrapartida, a faixa etária entre 55 e 75 anos "viu os seus rendimentos aumentar mais nos últimos 20 anos", sendo a pobreza entre os pensionistas actualmente inferior à média do conjunto da população da OCDE.
A organização pede aos países membros para "fazerem muito mais" para que as pessoas trabalhem mais, em vez de viverem na dependência das prestações sociais, sendo que a taxa de pobreza das famílias sem emprego é quase seis vezes superior à das famílias activas.
Mas embora o trabalho seja "um meio muito eficaz para lutar contra a pobreza", não chega para a evitar: "mais de metade dos pobres pertencem a famílias que recebem fracos rendimentos de actividade".
A OCDE encoraja a implementação de medidas preventivas, nomeadamente a promoção do acesso a um trabalho remunerado.
"Ajudar as pessoas a inserirem-se no emprego e a converterem-se em cidadãos autónomos tem um papel preventivo que evita o agravamento das desigualdades", considera.
De facto, a organização assinala ser nos países com maiores taxas de emprego que o número de pobres é menor.
"O que importa não é a igualdade das situações, mas a igualdade das oportunidades", afirma-se no relatório, que preconiza também esforços em matéria de educação e saúde para reduzir as disparidades.

18/10/08

A rosa continua a perder pétalas...


Depois da última Assembleia Municipal de Almeirim, à qual não assisti como tem sido hábito, porque felizmente para mim há vida para além da política, tinha que deixar aqui a um comentário.

Não assisti e nem precisava de fazê-lo porque já sabia qual iria ser o resultado da votação. E depois do que vi no MIRANTE TV e na TV TEJO confesso que também não fiquei nada surpreendida...

O PS de Almeirim está desunido, há muito tempo, e como militante do PS desde 1995 devo dizer que esta situação não me agrada mas também sei que não poderia ser de outra maneira. Quem disser que não há desunião está a mentir!

Entendo que apesar de pertencermos ao mesmo grupo politico, somos livres de ter opiniões divergentes acerca dos mais diversos assuntos e devemos discuti-las, debatê-las até chegar a um consenso. Pelo menos era assim que eu pensava que as coisas funcionavam na política. Ingénua que fui!!! Contudo acredito que se pode fazer política de outra maneira, principalmente a nível local. Mas para isso era preciso que as pessoas agissem em consciência e com dignidade e não apenas por interesse.

16/10/08

Com a política em Almeirim...

Qualquer um fica assim:



Ou assim:




15/10/08

DEIXA-ME RIR



"Sabia que rir contribui para a saúde mental, cardiovascular e imunitária?

Assistimos a uma aula de Riso Yoga e contamos-lhe como pode fazer do riso o seu exercício diário.
No papel à entrada lê-se “Sessões de Riso”, mas o ambiente tem muito mais de aula do que a expressão – mais associada a uma espécie de intervenção médica – pode fazer acreditar. Existe uma “professora”, a sorridente Sabrina, e 12 “alunos” que, por esta altura, se vão alinhando, em tímido desconcerto, no meio da sala vazia. “Podem descalçar-se”, lança ela, “e preparar-se para o aquecimento”. Ninguém disfarça a surpresa: parece que, para além da incógnita, os 30 minutos que se seguem vão ter componente física.Estamos em Belém, na cave de um edificio em plena zona residencial. Há música ambiente, devidamente relaxante, e incenso. Afinal, é de Riso Yoga que se trata, uma técnica que combina os efeitos do yoga, a nível de respiração e concentração, com a sensação de bem-estar e energia emocional positiva que uma boa dose de riso provoca.

Mas de que se ri, durante uma sessão de Riso Yoga?

Em boa verdade… de nada.O que começou na Índia em 1995, com um grupo de cinco pessoas a contar anedotas, tornou-se posteriormente uma técnica apurada, desenvolvida por Madan Kataria. O médico, inspirado por trabalhos científicos que evidenciavam os benefícios do riso no corpo e mente humanos, percebeu rapidamente que o sentido de humor não é uniforme e que o que faz uma pessoa rir pode deixar outra completamente indiferente. Kataria transformou assim o riso de emoção em técnica e concebeu o lema básico do Riso Yoga: “fingir o riso, até que ele se torne verdadeiro”.

Rir sem motivo pode parecer artificial; na verdade, é uma engenhosa forma de enganar o cérebro, que não consegue distinguir entre os dois tipos de riso (“real” e “forçado”), produzindo poderosos químicos como resposta. As endorfinas, responsáveis pela sensação geral de bem-estar, não são sensíveis a piadas e desconhecem o sentido de humor.
Não é tanto que uma boa gargalhada proteja o coração, mas o stresse mental provoca uma disfunção no endotélio, a barreira protectora dos vasos sanguíneos.

A técnica do contágio:

Devidamente instruídos de que iríamos passar 30 minutos a forjar risos e gargalhadas, Sabrina apresentou então os primeiros exercícios. “Cumprimentem-se entre vocês, rindo abertamente e mantendo sempre o contacto visual, enquanto se movimentam pela sala, como se estivessem a estender roupa”. Fica claro nesta altura que o insólito é um meio para um fim. O Riso Yoga assenta em movimentos e jogos de simulação interactiva, que acabam por servir para “quebrar um gelo” e promover a descontracção. O medo do ridículo - que se traduziu em meia dúzia de segundos de relutância - acaba por ceder e dar lugar a uma disponibilidade cada vez maior para rir.Seguem-se “o Riso da Seta”, o “Riso Tímido”, “Riso da Discussão”. O fenómeno é contagioso, até porque não é fácil manter cara séria quando um conjunto de estranhos aparentemente perdidos de riso imitam o andar de um pinguim. “Riso do Messenger”, “Riso do Telemóvel” - este último serve também como trabalho de casa. Se as sessões do riso não envolvem grande logística, podendo ser praticadas em qualquer espaço, também é verdade que rir sozinho no meio da rua não é exercício que se aconselhe. “Por isso peguem no vosso telemóvel, finjam que estão a conversar com um amigo e riam muito, bem alto. Ninguém vai saber”, incentiva Sabrina.A ideia não é assim tão despropositada. Enquanto uma criança ri, em média, 300 vezes por dia, um adulto fica-se por uns sisudos 17. Até os animais o fazem, de acordo com estudos publicados este ano na revista científica “Science”. Existem por aí ratos, cães e chimpazés a rir, utilizando para isso uma zona primitiva do cérebro. Se assim for, o acto de rir tem pouco a ver com uma capacidade humana mais elaborada e radica em um sistema mais básico, irracional, quase instintivo, pelo que faz todo o sentido que o utilizemos enquanto processo físico e não intelectual."


13/10/08

A "Senhora" era eu...

Retirei este texto do HI5 de uma pessoa que não vou identificar pois não lhe pedi autorização para publicá-lo aqui, mas como fala de mim, tomei a liberdade de partilhá-lo com quem por aqui passar...
" Hoje vou inaugurar o meu diário. É suposto falarmos de coisas que nos acontecem, mas a minha vida é tão sem sal, que pouco ou nada tenho a contar. Mas lembrei-me de algo que me marcou e que não esqueço facilmente, se é que algum dia vou esquecer.
Era véspera da noite de Natal, estava eu na Óptica Vanessa em Almeirim, propriedade da minha amiga Helena Fidalgo, quando deparei com uma senhora que tentava a todo o custo encontrar um sem abrigo, que ela tinha visto na rua, e que não queria de maneira nenhuma, que ele ficasse sem noite de Natal, nem que para isso, tivesse que levá-lo para casa dela.
Juntamente com a Helena arranjaram sítio pra ele ficar naquela noite.
Mas a dita senhora não se ficou por aí, foi comprar uma prenda e entregou à Helena, para agradecer tudo o que ela tinha feito.
Se eu já estava a admirar a senhora (digo senhora mas andava pela casa dos 30 e poucos anos), mas fiquei a admirá-la ainda mais porque ela agradeceu por uma coisa que nem era para ela, simplesmente alguém da rua e que até nem conhecia.
Por mais que viva, poucas serão as vezes que irei ver algo assim.
Hoje em dia as pessoas só pensam nelas, não olham à volta com olhos de ver.
Pequenos gestos, tornam pessoas tão felizes!
E eu fiquei muito feliz por ter assistido a tudo isto. Bonito!
Estas duas pessoas também têm defeitos como todos nós, mas têm seguramente muito bom coração.
Conheço a Helena, não conheço a outra senhora, mas para as duas vai a minha admiração."
A "Senhora" era eu...
Queria apenas aqui acrescentar que quando finalmente, com a ajuda da Lena, conseguimos autorização para que o Senhor passasse a noite de Natal no quartel dos bombeiros Voluntários de Almeirim, não consegui encontrá-lo. Tinha-lhe dito para se deslocar até lá e esperar por mim, pois tinha a certeza que iríamos conseguir que ele ficasse por lá, pelo menos naquela noite. Aquando da conversa que tive com ele dei-lhe dinheiro e como percorri todas as ruas de Almeirim e não o encontrei deduzi que ele tivesse entrado num café ou numa pastelaria para comer alguma coisa ou até que tivesse saído de Almeirim. Durante a conversa percebi que o álcool era o seu refúgio e li no seu olhar embebido em lágrimas que a vida não lhe sorria há muito tempo. Confessou-me que era sem abrigo há mais de vinte anos, era Alentejano e não tinha família. Não o ter encontrado foi para mim uma grande frustração. Não imagino onde terá passado a noite de Natal...
A minha, à semelhança dos anos anteriores, foi na minha casa aquecida, com a minha família reunida em redor de uma mesa com todo o tipo de comida e a tradicional árvore de Natal escondida atrás de um monte de presentes. Foi uma noite de Natal, como tantas outras, mas confesso que sempre que me lembrava daquele Senhor, sentia um aperto no coração.
Para ele e para tantas pessoas pelo mundo fora as noite são sempre iguais: noites de vazio, de solidão e aflição.
Para a autora do texto que transcrevi, recordo-me perfeitamente de si. Apetece-me dizer-lhe que se ficou comovida com toda esta situação é porque também deve ser uma pessoa generosa. E se é generosa, não acredito que a sua vida seja "sem sal"!!!

11/10/08

MOMENTO DE POESIA 2

"DECLARAÇÃO DE AMOR A ALMEIRIM"

Amo-te... Porque foste o meu Rincão,
O meu Vergel, o meu Jardim Florido...
- Embora nem um palmo do teu chão
Alguma vez me tenha pertencido.

Amo-te... por aqui se terem dado
As Cortes em que orou Febo Monis...
- Conquanto não se tenha proclamado
Esse rei português que o povo quis.

Amo-te... porque exaltas na Campina
O cântico de amor à liberdade...
- E contudo o teu jugo me domina
Como se fora uma prisão sem grade.

Francisco Henriques

07/10/08

MOMENTO DE POESIA 1


Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

Alberto Caeiro